Artes plásticas na Costa Verde

por Talyta Magano
A partir de uma ação pedagógica da professora Marisa Vales, do curso de Belas Artes da UFRRJ, nasceu uma parceria talentosa com o artista plástico Antonio Geraldo Barrozo do Amaral, conhecido como Duca. O resultado? A partir de 14 de junho, às 19h, estará aberta ao público a exposição Costa Verde II, continuação de Costa Verde, realizada nos anos 80, inspirada por memórias e sentimentos do artista que passou sua infância na região, onde mora há 27 anos. 
É a segunda vez que Marisa será curadora na Casa de Cultura de Itaguaí, juntamente com alguns de seus alunos.
– Quando faço a curadoria de uma exposição, monto um grupo de alunos e ensino a eles como trabalhar em todas as etapas do projeto. A ideia é ser um agente multiplicador. Muitos deles já estão fazendo exposições, por exemplo, e eu apenas oriento.

Sobre o artista, ela garante que iremos conhecer uma nova fase, e perceberemos um olhar específico sobre o que é parte da marinha de Coroa Grande, município de Itaguaí.

A exposição fica na Casa de Cultura de Itaguaí (antiga estação ferroviária) até o dia 28. O endereço é rua Ismael Cavalcante, s/n°, Centro – Itaguaí. Maiores informações: (21) 2688-8460.

Duca

Duca em foto de Talyta Magano
Cheio de bom humor e com muitas experiências para contar, Duca não esconde a satisfação de viver da arte. Vindo do berço de uma família influente do Rio de Janeiro, o pintor conviveu, desde pequeno, com artistas como Antônio Bandeira e Cândido Portinari. O reconhecimento ao seu trabalho veio em meados dos anos 60, quando teve a oportunidade de participar de eventos consagrados, entre eles, a Feira Internacional de Nova York e o Salão Nacional de Arte Moderna. Durante as décadas seguintes, ele colheu os frutos da sua exposição midiática, participando de outros importantes eventos e expondo suas telas em locais privilegiados. 
Amigos
Porém, em 2001, apresentou no SESC-Niterói sua última exposição. O afastamento, segundo ele, era necessário para repensar sua arte e seu papel social. Mas engana-se quem pensa que o artista parou de produzir, muito pelo contrário. Com muito orgulho, Duca duvida que alguma pessoa tenha o ritmo tão intenso quanto ele em suas atividades. Para se manter focado e sempre ativo, ele acorda cedo e faz ginástica para, logo em seguida, mergulhar em suas telas acrílicas. 
– Poucas pessoas possuem o mesmo ritmo de trabalho que eu, pois é bem intenso. Todo pintor tem que ser um bicho carpinteiro. Se ele não tiver atitude de trabalhar todo dia está roubado.
Além disso, Duca diz se manter sempre atualizado nas novidades artísticas, buscando aprender coisas novas e se renovando. Atualmente, admite estar interessado na área de desenhos digitais e esculturas com alumínio. Sua vontade é esculpir as “cercadas”, armadilhas indígenas para peixes, utilizando esta técnica.
– É um material nobre, que dura e fica esteticamente interessante. É fantástico. Primo muito por uma estética duradoura, para que as outras gerações possam compartilhar daquilo.
Uma preocupação presente na arte do artista carioca, muito fácil de ser percebida, é a questão da água. Ele conta que desde a ECO-92, conferência realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 para discutir o desenvolvimento sustentável, esse tema o sensibiliza. Apesar de ser um tema figurativo, é algo que para ele deve ser respeitado por todos os seres humanos, dando a esse bem natural sua devida dignidade. 
A respeito de artistas que admira, Duca citou o artista plástico ManabuMabe, pintor brasileiro precursor da arte abstrata no país. Contou ainda da experiência de conhecê-lo pessoalmente, e exaltou a simplicidade e o talento que Mabe tinha. 
A partir dessa e de outras lembranças, desejos e anseios, Duca transparece sua vocação e não deixa dúvidas quanto à felicidade que suas telas trazem, mesmo que não haja necessariamente exposição e visibilidade.  

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